Textos sobre Necessidades de Almada Negreiros

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Textos de necessidades de Almada Negreiros. Leia este e outros textos de Almada Negreiros em Poetris.

O Individual como Base do Colectivo

Tudo quanto é apenas colectivo é desordem. A ordem vem da composição individual. Mas a composição individual para formar em si a ordem necessita de que esta também se projecte no colectivo.
A expressão do colectivo é o pùnico. O terror só se submete pelo terror. O pùnico tem duas expressÔes de terror: a centrífuga e a centrípeta. A expressão que se desfaz a si mesma e a que permanece eståtica e se adentra.

A Ășnica maneira de aparentar a ordem no colectivo Ă© manejar o pĂąnico. Mas como todo o estado psĂ­quico, por mais inteiro que se apresente tende a suavizar-se se era violento e a tornar-se violento se era suave, Ă© necessĂĄrio para manter o estado de pĂąnico, que se lhe estabeleçam tantas modalidades diferentes e sucessivas que consigam realmente fazer desviar as atençÔes da sua insistĂȘncia. PorĂ©m, este processo nĂŁo tem fim. É o processo da mĂ­stica colectiva. Filha do desespero individual, a mĂ­stica colectiva nĂŁo faz alterar a realidade mas consegue temporĂĄriamente submeter todos os indivĂ­duos Ă s mesmas circunstĂąncias. E atĂ© que se formem as novas Ă©lites as mĂ­sticas colectivas sĂŁo espera.
Ao vermos os grandes exércitos, reluzentes nas paradas ou disfarçados com a própria cor da terra das batalhas,

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Matéria e Espírito

NĂłs hoje estamos ao mesmo tempo na melhor Ă©poca da humanidade e na pior. TĂŁo depressa sentimos que tudo em nĂłs e em redor marcha unĂ­ssono em frente, como subitamente um grande atrito emperra as nossas prĂłprias articulaçÔes. HĂĄ ao mesmo tempo qualquer coisa que nos desacompanha e qualquer coisa que nos anima. HĂĄ caminhos inteiros que terminam sĂșbito e nĂŁo hĂĄ caminho inteiro e vitalĂ­cio. E nĂłs desejamos francamente acertar com a direcção Ășnica e onde o Ășnico obstĂĄculo seja de verdade o mistĂ©rio do futuro.
Todo aquele que se lance mais animado pela palavra espĂ­rito, nĂŁo creia que faz mais do que estar sujeito a uma determinante actual. A consciĂȘncia material, como acontece hoje, dĂĄ entrada natural para o campo do espĂ­rito. Assim tambĂ©m o espĂ­rito tem existĂȘncia vital segundo a qualidade de consciĂȘncia da matĂ©ria. O espĂ­rito apartando da matĂ©ria nĂŁo Ă© deste mundo. EspĂ­rito e matĂ©ria confundem-se em vida.
Acontece, porĂ©m, que os fugitivos da matĂ©ria transformam em si esse unilateralismo ao ingressar no espĂ­rito, e ficam outra vez de banda, inversamente agora, mas como antes. Ora o espĂ­rito nĂŁo tem mais dimensĂ”es do que a matĂ©ria; sĂŁo outras, mas idĂȘnticas, que se justapĂ”em,

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