Que um Homem Tenha a Força de ser Sincero
A maior parte das pessoas, seduzidas pelas aparĂȘncias, deixam-se tomar pelos engodos enganadores de uma baixa e servil complacĂȘncia; tomam-na por um sinal de uma verdadeira amizade; e confundem, como dizia PitĂĄgoras, o canto das sereias com o das musas. CrĂȘem, digo eu, que produz a amizade, como as pessoas simples pensam que a terra fez os Deuses; em lugar de dizerem que foi a sinceridade que a fez nascer como os Deuses criaram os sinais e as potĂȘncias celestes.
Sim! Ă de uma força tĂŁo bruta que a amizade deve provir, e Ă© de uma bela origem a que tira de uma virtude que dĂĄ origem a tantas outras. As grandes virtudes, que nascem, se ouso dizĂȘ-lo, na parte da alma mais subida e mais divina, parecem estar encadeadas umas nas outras. Que um homem tenha a força de ser sincero, e vereis uma certa coragem difundida em todo o seu carĂĄcter, uma independĂȘncia geral, um impĂ©rio sobre si mesmo igual ao exercido sobre os outros, uma alma isenta das nuvens do temor e do terror, um amor pela virtude, um Ăłdio pelo vĂcio, um desprezo pelos que se lhe abandonam. De um tronco tĂŁo nobre e tĂŁo belo,
Textos sobre Nobres de Montesquieu
2 resultadosExistĂȘncia, Corpo e Costumes, Como Eixos do Gosto
Na nossa actual maneira de ser, a nossa alma aprecia trĂȘs tipos de prazer: aqueles que ela retira do prĂłprio fundo da sua existĂȘncia; outros que resultam da sua uniĂŁo com o corpo; e por fim, outros que radicam nos costumes e preconceitos que certas instituiçÔes, certos usos e certos hĂĄbitos lhe levam a apreciar.
SĂŁo esses diferentes prazeres da nossa alma que constituem os objectos do gosto, como o belo, o bom, o agradĂĄvel, o cĂąndido, o delicado, o terno, o gracioso, o nĂŁo sei o quĂȘ, o nobre, o grande, o sublime, o majestoso, etc. Por exemplo, quando sentimos prazer ao ver uma coisa que possui uma utilidade para nĂłs, dizemos que ela Ă© boa; quando sentimos prazer ao vĂȘ-la, sem dela abstrairmos uma utilidade manifesta, chamamo-la bela.