Posse Cega
Afligir-se com o que se perdeu e nĂŁo se rejubilar com o que foi salvo Ă© necedade; sĂł uma criança faria berreiro e atiraria fora o restante dos seus brinquedos se um lhe fosse tomado. Assim procedemos nĂłs, quando a Fortuna nos Ă© adversa num particular: tomamos o resto improfĂcuo com chorar e lamentarmo-nos.
– Que Ă© que possuĂmos? – pode-se perguntar.
Que Ă© que nĂŁo possuĂmos? Este homem uma reputação, esse uma famĂlia, aquele uma esposa, aquele outro um amigo. No seu leito de morte, Antipater de Tarso fez um inventário das boas coisas que lhe haviam sucedido na vida e nele incluiu, mesmo, uma viagem feliz, que fizera de CilĂcia a Atenas. As coisas simples nĂŁo devem ser negligenciadas, mas levadas em conta. Devemo-nos sentir gratos por estarmos vivos, bem, e por nos ser dado ver o sol; por nĂŁo haver guerra nem revolução; por a terra e o mar estarem ao dispor de quem deseje plantar ou velejar; por nos ser consentido escolher entre falar e agir ou ficar quietos, em paz, gozando do nosso repouso.
A presença destas bençãos aumentará ainda mais o nosso contentamento se imaginarmos como seria se não estivessem presentes;
Textos sobre Obrigados de Plutarco
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