A InteligĂȘncia nĂŁo Ă© o Fundo do nosso Ser
A inteligĂȘncia nĂŁo Ă© o fundo do nosso ser. Pelo contrĂĄrio. Ă como uma pele sensĂvel, tentacular que cobre o resto do nosso volume Ăntimo, o qual por si Ă© sensu stricto ininteligente, irracional. BarrĂšs dizia isto muito bem: L’intelligence, quelle petite chose Ă la surface de nous. AĂ estĂĄ ela, estendida como um dintorno sobre o nosso ser mais interior, dando uma face Ă s coisas, ao ser – porque o seu papel nĂŁo Ă© outro senĂŁo pensar as coisas, pensar o ser, o seu papel nĂŁo Ă© ser o ser, mas reflecti-lo, espelhĂĄ-lo. Tanto nĂŁo somos ela que a inteligĂȘncia Ă© uma mesma em todos, embora uns dela tenham maior porção que outros. Mas a que tiverem Ă© igual em todos: 2 e 2 sĂŁo para todos 4. Por isso AristĂłteles e o averroĂsmo acreditaram que havia um Ășnico noĂ»s ou intelecto no Universo, que todos Ă©ramos, enquanto inteligentes, uma sĂł inteligĂȘncia. O que nos individualiza estĂĄ por trĂĄs dela.
Mas nĂŁo vamos agora espicaçar uma tĂŁo difĂcil questĂŁo. Baste o que foi dito para sugerir que em vĂŁo pretenderĂĄ a inteligĂȘncia lutar num match de convicção com as crenças irracionais, habituais. Quando um cientista sustĂ©m as suas ideias com uma fĂ© semelhante Ă fĂ© vital,
Textos sobre Papéis de José Ortega y Gasset
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