Se Pudesses Estar Comigo Vinte e Quatro horas do Dia
Se pudesses estar comigo durante as vinte e quatro horas do dia, observar cada gesto meu, dormir comigo, comer comigo, trabalhar comigo, tudo isto nĂŁo poderia ter lugar. Quando me vejo afastado de ti, penso em ti constantemente e isso dĂĄ cor a tudo o que eu diga ou faça. Se soubesses o quĂŁo fiel te sou! NĂŁo apenas fisicamente, mas mentalmente, moralmente, espiritualmente. Aqui nĂŁo hĂĄ qualquer tentação para mim, absolutamente nenhuma. Estou imune a Nova Iorque, aos meus velhos amigos, ao passado, a tudo. Pela primeira vez na minha vida, estou completamente centrado em outro ser… Em ti. Sinto-me capaz de dar tudo, sem ter medo de ficar exaurido ou de me ver perdido. Quando ontem escrevi no meu artigo que «se eu nunca tivesse ido para a Europa…», nĂŁo era a Europa que tinha em mente, mas sim tu.
Mas nĂŁo posso dizer isso ao mundo num artigo. Tu Ă©s a Europa. Pegaste em mim, um homem despedaçado, e tornaste-me completo. E nĂŁo hei-de desintegrar-me â nĂŁo existe o menor perigo disso. Mas agora vejo-me mais sensĂvel, mais receptivo a qualquer sinal de perigo. Se te persigo loucamente, se te imploro para ouvires, se fico Ă tua porta e espero por ti,
Textos sobre Passos de Henry Miller
2 resultadosEnvolvĂȘ-la nos Meus Braços
TrĂȘs minutos depois de vocĂȘ ter partido. NĂŁo, nĂŁo consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que jĂĄ sabe: amo-a. Ă isto que destruĂ vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se vocĂȘ tivesse permanecido na SuĂça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviĂĄ-las para Louveciennes?
Anais, nĂŁo posso dizer muito agora – encontro-me demasiado alterado. Quase nĂŁo consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvĂȘ-la nos meus braços. Tinha esperanças de que vocĂȘ nĂŁo tivesse de ir jantar a casa… De que pudĂ©ssemos ir a algum lado jantar e dançar. VocĂȘ dança… JĂĄ sonhei com isso vezes sem conta… Eu a dançar consigo, ou vocĂȘ a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trĂĄs e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse Ă© o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.
Estou sentado no seu lugar e jĂĄ levei aos lĂĄbios o copo onde vocĂȘ bebeu. Mas nĂŁo sei o que dizer. O que vocĂȘ me leu pĂŽs-me a cabeça Ă s voltas. A sua linguagem Ă© ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, nĂŁo passo de um petiz… porque, quando o Ăștero que hĂĄ em si fala,