Tentar Saber algo Sobre a Morte
Tentar saber algo sobre a morte Ă© tentar saber algo sobre a vida. A literatura dá-nos a ver verdades que sĂł podem ser usadas por nĂłs prĂłprios, que sĂŁo as nossas convicções e as respostas essenciais a perguntas para as quais todos temos de ter uma resposta. (…) A morte Ă© natural, a maior certeza que temos sobre qualquer coisa Ă© que vai ter o seu fim. Os dias começam e acabam, tudo acaba… Fechar os olhos ao que quer que seja, ignorar, fingir que nĂŁo existe, nunca Ă© bom, sobretudo em relação a coisas que existem de facto e a morte existe de facto. Lamento, mas nĂŁo fui eu que inventei o mundo nem a morte.
Textos sobre Perguntas de JosĂ© LuĂs Peixoto
2 resultadosCada Dia Ă© Sempre Diferente dos Outros
Cada dia é sempre diferente dos outros, mesmo quando se faz aquilo que já se fez. Porque nós somos sempre diferentes todos os dias, estamos sempre a crescer e a saber cada vez mais, mesmo quando percebemos que aquilo em que acreditávamos não era certo e nos parece que voltámos atrás. Nunca voltamos atrás. Não se pode voltar atrás, não se pode deixar de crescer sempre, não se pode não aprender. Somos obrigados a isso todos os dias. Mesmo que, às vezes, esqueçamos muito daquilo que aprendemos antes. Mas, ainda assim, quando percebemos que esquecemos, lembramo-nos e, por isso, nunca é exactamente igual.
— Porquê, pai?
— Porque a memĂłria nĂŁo deixa que seja igual, mesmo que seja uma memĂłria muito vaga, mesmo que seja sĂł assim uma espĂ©cie de sensação muito vaga. É que a memĂłria nĂŁo Ă© sempre aquilo que gostarĂamos que fosse. Grande parte dos nossos problemas estĂŁo na memĂłria volĂşvel que possuĂmos. Aquilo que Ă© hoje uma verdade absoluta, amanhĂŁ pode nĂŁo ter nenhum valor. Porque nos esquecemos, filho. Esquecemos muito daquilo que aprendemos. E cansamo-nos. E quando estamos cansados, deixamos de aprender. Queremos nĂŁo aprender por vontade. Essa Ă© a nossa maneira de resistir,