Entender os Outros
NĂłs combatemos a nossa superficialidade, a nossa mesquinhez, para tentarmos chegar aos outros sem esperanças utĂłpicas, sem uma carga de preconceitos ou de expectativas ou de arrogância, o mais desarmados possĂvel, sem canhões, sem metralhadoras, sem armaduras de aço com dez centĂmetros de espessura; aproximamo-nos deles de peito aberto, na ponta dos dez dedos dos pĂ©s, em vez de estraçalhar tudo com as nossas pás de catterpillar, aceitamo-los de mente aberta, como iguais, de homem para homem, como se costuma dizer, e, contudo, nunca os percebemos, percebemos tudo ao contrário.
Mais vale ter um cérebro de tanque de guerra. Percebemos tudo ao contrário, antes mesmo de estarmos com eles, no momento em que antecipamos o nosso encontro com eles; percebemos tudo ao contrário quando estamos com eles; e, depois, vamos para casa e contamos a outros o nosso encontro e continuamos a perceber tudo ao contrário.
Como, com eles, acontece a mesma coisa em relação a nós, na realidade tudo é uma ilusão sem qualquer percepção, uma espantosa farsa de incompreensão. E, contudo, que fazer com esta coisa terrivelmente significativa que são os outros, que é esvaziada do significado que pensamos ter e que, afinal, adquire um significado lúdico;
Textos sobre PĂ©s de Philip Roth
1 resultado Textos de pés de Philip Roth. Leia este e outros textos de Philip Roth em Poetris.