O Desporto Ă© a InteligĂȘncia InĂștil
O sport Ă© a inteligĂȘncia inĂștil manifestada nos movimentos do corpo. O que o paradoxo alegra no contĂĄgio das almas, o sport aligeira na demonstração dos bonecos delas. A beleza existe, verdadeiramente, sĂł nos altos pensamentos, nas grandes emoçÔes, nas vontades conseguidas. No sport – ludo, jogo, brincadeira – o que existe Ă© supĂ©rfluo, como o que o gato faz antes de comer o rato que lhe hĂĄ-de escapar. NinguĂ©m pensa a sĂ©rio no resultado, e, enquanto dura o que desaparece, existe o que nĂŁo dura. HĂĄ uma certa beleza nisso, como no dominĂł, e, quando o acaso proporciona o jogo acertado, a maravilha entesoura o corpo encostado do vencedor. Fica, no fim, e sempre virado para o inĂștil, o inconseguido do jogo. Pueri ludunt, como no primĂĄrio do latim…
Ao sol brilham, no seu breve movimento de glĂłria espĂșria, os corpos juvenis que envelhecerĂŁo, os trajectos que, com o existirem, deixaram jĂĄ de existir. Entardece no que vemos, como no que vimos. A GrĂ©cia antiga nĂŁo nos afaga senĂŁo intelectualmente. Ditosos os que naufragam no sacrifĂcio da posse. SĂŁo comuns e verdadeiros. O sol das arenas faz suar os gestos dos outros. Os poetas cantam-nos antes que desça todo o sol.
Textos sobre Poetas de Ălvaro de Campos
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A Inutilidade de qualquer Esforço Desinteressado
Desde que me convenci da inutilidade de qualquer esforço desinteressado, nunca mais pensei em escrever um livro; limito-me a apontamentos. InĂștil por inĂștil, diminua ao menos a maçada. Estes apontamentos sĂŁo a respeito da polĂtica do futuro. ContĂȘm um plano polĂtico. NĂŁo serĂŁo adoptados na prĂĄtica, porque a prĂĄtica nĂŁo adopta, mas cria. Escrevo-os como se escrevesse um poema – e Ă© esta a Ășnica atitude razoĂĄvel que recomenda o prĂłprio teorista: considere-se poeta, ou, se nĂŁo, cale-se.
Ălvaro de