A Causa da Vontade
A nossa vida nĂŁo passaria de uma sĂ©rie de caprichos, se a nossa vontade se determinasse por si mesma e sem motivos. NĂŁo temos vontade que nĂŁo seja produzida por alguma reflexĂŁo ou por alguma paixĂŁo. Quando levanto a mĂŁo, Ă© para fazer uma experiĂȘncia com a minha liberdade ou por alguma outra razĂŁo. Quando me propĂ”em um jogo de escolha entre par ou Ămpar, durante o tempo em que as ideias de um e de outro se sucedem no meu espĂrito com rapidez, mescladas de esperança e temor, se escolho par, Ă© porque a necessidade de fazer uma escolha se apresenta ao meu pensamento no momento em que par estĂĄ aĂ presente. Proponha-se o exemplo que se quiser, demonstrarei a qualquer homem de boa-fĂ© que nĂŁo temos nenhuma vontade que nĂŁo seja precedida por algum sentimento ou por algum arrazoado que a faz nascer. Ă verdade que a vontade tem tambĂ©m o poder de excitar as nossas ideias; mas Ă© necessĂĄrio que ela prĂłpria seja antes determinada por alguma causa.
A vontade nĂŁo Ă© nunca o primeiro princĂpio das nossas acçÔes, ela Ă© o seu Ășltimo mĂłbil; Ă© o ponteiro que marca as horas num relĂłgio e que o leva a dar as pancadas sonoras.
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