A Felicidade Ă© tĂŁo Cansativa como a Infelicidade
Toda a gente tem o seu mĂ©todo de interpretar a seu favor o balanço das suas impressões, para que daĂ resulte de algum modo aquele mĂnimo de prazer necessário Ă s suas existĂŞncias quotidianas, o suficiente em tempos de normalidade. O prazer da vida de cada um pode ser tambĂ©m constituĂdo por desprazer, essas diferenças de ordem material nĂŁo tĂŞm importância; sabemos que existem tantos melancĂłlicos felizes como marchas fĂşnebres, que pairam tĂŁo suavemente no elemento que lhes Ă© prĂłprio como uma dança no seu. Talvez tambĂ©m se possa afirmar, ao contrário, que muitas pessoas alegres de modo nenhum sĂŁo mais felizes do que as tristes, porque a felicidade Ă© tĂŁo cansativa como a infelicidade; mais ou menos como voar, segundo o princĂpio do mais leve ou mais pesado do que o ar. Mas haveria ainda uma outra objecção: nĂŁo terá razĂŁo aquela velha sabedoria dos ricos segundo a qual os pobres nĂŁo tĂŞm nada a invejar-lhes, já que Ă© pura fantasia a ideia de que o seu dinheiro os torna mais felizes? Isso sĂł lhes imporia a obrigação de encontrar um sistema de vida diferente do seu, cujo orçamento, em termos de prazer, fecharia apenas com um mĂnimo excedente de felicidade,
Textos sobre Prática de Robert Musil
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