Mediocridade de EspĂrito
O nosso mĂĄximo esforço de independĂȘncia consiste em opor, por vezes, um pouco de resistĂȘncia Ă s sugestĂ”es quotidianas. A grande massa humana nenhuma resistĂȘncia opĂ”e e segue as crenças, as opiniĂ”es e os preconceitos do seu grupo. Ela obedece-lhe sem ter mais consciĂȘncia do que a folha seca arrastada pelo vento.
SĂł numa elite muito restrita se observa a faculdade de possuir, algumas vezes, opiniĂ”es pessoais. Todos os progressos da civilização procedem, evidentemente, desses espĂritos superiores, mas nĂŁo se pode desejar a sua multiplicação sucessiva. Inapta a adaptar-se imediatamente a progressos rĂĄpidos e profundos em demasia, uma sociedade tornar-se-ia logo anĂĄrquica. A estabilidade necessĂĄria Ă sua existĂȘncia Ă© precisamente estabelecida graças ao grupo compacto dos espĂritos lentos e medĂocres, governados por influĂȘncias de tradiçÔes e de meio.
Ă, portanto, Ăștil para uma sociedade que ela se componha de uma maioria de homens mĂ©dios, desejosos de agir como toda a gente, que tĂȘm por guias as opiniĂ”es e as crenças gerais. Ă muito Ăștil tambĂ©m que as opiniĂ”es gerais sejam pouco tolerantes, pois o medo do juĂzo alheio constitui uma das bases mais seguras da nossa moral.
A mediocridade de espĂrito pode, pois, ser benĂ©fica para um povo,
Textos sobre Profundos de Gustave Le Bon
2 resultadosOs Elementos Fixadores da Personalidade
Os resĂduos ancestrais formam a camada mais profunda e mais estĂĄvel do carĂĄcter dos indivĂduos e dos povos. Ă pelo seu âeuâ ancestral que um inglĂȘs, um francĂȘs, um chinĂȘs, diferem tĂŁo profundamente.
Mas a esses remotos atavismos sobrepĂ”em-se elementos suscitados pelo meio social (casta, classe, profissĂŁo, etc.), pela educação e ainda por muitas outras influĂȘncias. Eles imprimem Ă nossa personalidade uma orientação assaz constante. SerĂĄ o âeuâ, um pouco artificial, assim formado, que exteriorizaremos cada dia.
Entre todos os elementos formadores da personalidade, o mais activo, depois da raça, Ă© o que determina o agrupamento social ao qual pertencemos. Fundidas no mesmo molde pelas idĂ©ias, as opiniĂ”es e as condutas semelhantes que lhes sĂŁo impostas, as individualidades de um grupo: militares, magistrados, padres, operĂĄrios, marinheiros, etc., apresentam numerosos carĂĄcteres idĂȘnticos.
As suas opiniĂ”es e os seus juĂzos sĂŁo, em geral, vizinhos, porquanto sendo cada grupo social muito nivelador, a originalidade nĂŁo Ă© tolerada nele. Aquele que se quer diferenciar do seu grupo tem-no inteiramente por inimigo.
Essa tirania dos grupos sociais, na qual insistiremos, nĂŁo Ă© inĂștil. Se os homens nĂŁo tivessem por guia as opiniĂ”es e a maneira de proceder daqueles que os cercam,