A Indiferença ou a Paixão pelos Outros
O que Ă© mais proveitoso — perguntava eu — representar o mundo como pequeno ou como grande? Vejamos como eu resolvia o assunto: os homens eminentes, os capitĂŁes famosos, os estadistas competentes, em suma, todos os conquistadores e todos os chefes que se elevam pela violĂŞncia acima dos outros homens, devem ser feitos de tal maneira que o Mundo lhes deve parecer como um tabuleiro de damas. Se assim nĂŁo fosse, eles nĂŁo teriam a rudeza e a impassibilidade necessárias para subordinarem audaciosamente aos seus imprevisĂveis planos a felicidade e os sofrimentos dos indivĂduos isolados, sem se importarem nada com isso. Em contrapartida, uma tĂŁo limitada concepção pode levar os homens a nĂŁo realizarem coisa alguma, porque todo aquele que considera a humanidade como uma coisa sem importância acabará por a achar insignificante e por soçobrar na indiferença e na passividade. Desdenhoso de tudo, preferirá a inĂ©rcia Ă acção sobre os espĂritos, sem contar que a sua insensibilidade, a sua ausĂŞncia de simpatia e a sua letargia chocarĂŁo toda a gente, ofendendo constantemente um mundo imbuĂdo do seu prĂłprio valor. Assim se lhe fecharĂŁo todas as vias de um sucesso imprevisto. Será mais razoável — perguntava eu, entĂŁo — ver na humanidade qualquer coisa de grande,
Textos sobre Responsabilidade de Thomas Mann
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