Sociedade do DesperdĂcio
Uma tentação imediata do nosso tempo Ă© o desperdĂcio. NĂŁo Ă© sĂł resultado duma invenção constante da oferta que leva ao apetite do consumo, como Ă©, sobretudo, uma forma de aristocracia tĂ©cnica. O tecnocrata, novo aristocrata da inteligĂȘncia artificial, dos nĂșmeros e dos computadores, propĂ”e uma sociedade de dissipação. PropĂ”e-na na medida em que favorece os mĂ©todos de maior rendimento e a rapina dos recursos naturais. As hormonas que fazem crescer uma vitela em trĂȘs meses, as ĂĄrvores que dĂŁo fruto trĂȘs vezes por ano, tudo obriga a natureza a render mais. Para quĂȘ? Para que os alimentos se amontoem nas lixeiras e os desperdĂcios de cozinha ou de vestuĂĄrio sirvam afinal para descrever o bluff da produtividade.
Textos sobre Resultados de Agustina Bessa-LuĂs
2 resultadosA CrĂtica Ă© Menos Eficaz do que o Exemplo
A crĂtica Ă© menos eficaz do que o exemplo. Ă de considerar se a grande sugestĂŁo para usar da crĂtica nos nossos tempos e que pĂ”e em causa todos os valores consagrados, nĂŁo Ă© o resultado duma anemia profunda do acto de vontade de toda uma sociedade. Todos temos consciĂȘncia de como o exemplo se tornou interdito, como o indivĂduo, na sua excepção perturbadora, Ă© causa de mal-estar. Dir-se-ia que a fraqueza, a breve virtude, a mediocridade, de interesses e de condiçÔes, tĂȘm prioridade sobre o modelo e a utopia. A par desta dimensĂŁo rasa do despotismo do demĂ©rito, levanta-se uma rajada de violĂȘncia. Ă de crer que a violĂȘncia Ă© hoje a linguagem bastarda da desilusĂŁo e o reverso do exemplo; representa a frustração do exemplo.