Disputas Empobrecedoras
As disputas deviam ser regulamentadas e punidas como outros crimes verbais. Que defeitos nĂŁo suscitam e acumulam em nĂłs, reguladas e governadas como sĂŁo pela cĂłlera! Começamos por ser inimigos das razões e acabamos por o ser dos homens. SĂł aprendemos a discutir para contraditar, e, Ă força de se contraditar e ser-se contraditado, vem a acontecer que o fruto do discutir Ă© perder e aniquilar-se a verdade. Assim, PlatĂŁo, na RepĂşblica, proĂbe o seu exercĂcio aos espĂritos ineptos e mal formados.
Porque nos havemos de pôr a caminho, para descobrir a verdade, com quem não tem passo nem andamento que sirvam? Não se prejudica o assunto quando o deixamos para procurar o meio de o tratarmos; não falo dos meios escolásticos e artificiais, falo dos meios naturais, dum entendimento são. Que sucederá por fim? Cada um puxa para o seu lado; perdem de vista o essencial, põem-no de parte na confusão do acessório.
No fim de uma hora de tormenta já não sabem o que procuram; um está em cima, outro em baixo, outro para o lado. Uns demoram-se com as palavras e com as comparações; outros não entendem o que se lhes objecta, tanto se entusiasmam: só pensam neles,
Textos sobre SubmissĂŁo de Michel de Montaigne
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