Um Homem Realizado

Ao indivĂ­duo acostumado ao Ă­ntimo das profundidades, o «mistĂ©rio» nĂŁo intimida; nĂŁo fala dele e nĂŁo sabe o que seja: vive-o… A realidade em que se move nĂŁo comporta outra: nĂŁo tem uma zona inferior nem um alĂ©m: estĂĄ abaixo de tudo e para alĂ©m de tudo. Farto de transcendĂȘncia, superior Ă s operaçÔes do espĂ­rito e Ă s servidĂ”es que se lhe associam, repousa na sua curiosidade inexaurĂ­vel… Nem a religiĂŁo nem a metafĂ­sica o intrigam: o que poderia sondar ele que se encontra jĂĄ em pleno insondĂĄvel? Cumulado, estĂĄ-o sem dĂșvida; mas ignora se continua a existir.
Afirmamo-nos na medida em que, por trĂĄs de uma realidade dada, perseguimos uma outra e em que, para alĂ©m do prĂłprio absoluto, continuamos Ă  procura. A teologia detĂ©m-se em Deus? De maneira nenhuma. Quer remontar mais alto, tal como a metafĂ­sica que, ao mesmo tempo que investiga a essĂȘncia, nĂŁo se digna fixar-se nela. Uma e outra temem ancorar num princĂ­pio Ășltimo; passam de segredo em segredo; incensam o inexplicĂĄvel e abusam dele sem pudor. O mistĂ©rio, que oferenda! Mas que maldição pensar tĂȘ-lo atingido, imaginar que o conhecemos e que poderemos residir nele! JĂĄ nĂŁo hĂĄ que procurar: aĂ­ estĂĄ ele,

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