A Esperança da Humanidade
A vida polĂtica, porĂ©m, veio como um trovĂŁo desviar-me dos meus trabalhos. Regressei uma vez mais Ă multidĂŁo.
A multidĂŁo humana foi a maior lição da minha vida. Posso chegar a ela com a inerente timidez do poeta, com o receio do tĂmido; mas, uma vez no seu seio, sinto-me transfigurado. Sou parte da essencial maioria, sou mais uma folha da grande árvore humana.SolidĂŁo e multidĂŁo continuarĂŁo a ser deveres elementares do poeta do nosso tempo. Na solidĂŁo, a minha vida enriqueceu-se com a batalha da ondulação no litoral chileno. Intrigaram-me e apaixonaram-me as águas combatentes e os penhascos combatidos, a multiplicação da vida oceânica, a impecável formação dos «pássaros errantes», o esplendor da espuma marĂtima.
Mas aprendi muito mais com a grande marĂ© das vidas, com a ternura vista em milhares de olhos que me viam ao mesmo tempo. Pode esta mensagem nĂŁo ser possĂvel a todos os poetas, mas quem a tenha sentido guardá-la-á no coração, desenvolvendo-a na sua obra.
É memorável e desvanecedor para o poeta ter encarnado para muitos homens, durante um minuto, a esperança.
Textos sobre Trovões de Pablo Neruda
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