Igualdade nĂŁo Ă© Identidade
Combaterei pelo primado do Homem sobre o indivĂduo – como do universal sobre o particular. Creio que o culto do universal exalta e liga as riquezas particulares – e funda a Ășnica ordem verdadeira, que Ă© a da vida. Uma ĂĄrvore estĂĄ em ordem, apesar das raĂzes que diferem dos ramos.
Creio que o culto do particular sĂł leva Ă morte – porque funda a ordem na semelhança. Confunde a unidade do Ser com a identidade das suas partes. E devasta a catedral para alinhar pedras. Combaterei, pois, todo aquele que pretenda impor um costume particular aos outros costumes, um povo aos outros povos, uma raça Ă s outras raças, um pensamento aos outros pensamentos.
Creio que o primado do Homem fundamenta a Ășnica Igualdade e a Ășnica Liberdade que tĂȘm significado. Creio na Igualdade dos direitos do Homem atravĂ©s de cada indivĂduo. E creio que a Ășnica liberdade Ă© a da ascensĂŁo do homem. Igualdade nĂŁo Ă© Identidade. A Liberdade nĂŁo Ă© a exaltação do indivĂduo contra o Homem. Combaterei todo aquele que pretenda submeter a um indivĂduo – ou a uma massa de indivĂduos – a liberdade do Homem.
Creio que a minha civilização denomina «Caridade» o sacrifĂcio consentido ao Homem para que este estabeleça o seu reino.
Textos sobre Universais de Antoine de Saint-Exupéry
2 resultadosDe que Serve Discutir as Ideologias?
Para compreendermos o homem e as suas necessidades, para o conhecermos naquilo que ele tem de essencial, nĂŁo precisamos de pĂŽr em confronto as evidĂȘncias das nossas verdades. Sim, tĂȘm razĂŁo. TĂȘm todos razĂŁo. A lĂłgica demonstra tudo. Tem razĂŁo aquele que rejeita que todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas. Se declararmos guerra aos corcundas, aprenderemos rapidamente a exaltar-nos. Vingaremos os crimes dos corcundas. E, sem dĂșvida, tambĂ©m os corcundas cometem crimes.
A fim de tentarmos separar este essencial, é necessårio esquecermos por um instante as divisÔes que, uma vez admitidas, implicam todo um Corão de verdades inabalåveis e o inerente fanatismo. Podemos classificar os homens em homens de direita e em homens de esquerda, em corcundas e não corcundas, em fascistas e em democratas, e estas distinçÔes são inconteståveis.
Mas sabem que a verdade Ă© aquilo que simplifica o mundo, e nĂŁo aquilo que cria o caos. A verdade Ă© a linguagem que desencadeia o universal.
Newton não «descobriu» uma lei hå muito disfarçada de solução de enigma, Newton efectuou uma operação criativa. Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol.