Envolvê-la nos Meus Braços
Três minutos depois de você ter partido. Não, não consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que já sabe: amo-a. É isto que destruí vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se você tivesse permanecido na Suíça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviá-las para Louveciennes?
Anais, não posso dizer muito agora – encontro-me demasiado alterado. Quase não consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvê-la nos meus braços. Tinha esperanças de que você não tivesse de ir jantar a casa… De que pudéssemos ir a algum lado jantar e dançar. Você dança… Já sonhei com isso vezes sem conta… Eu a dançar consigo, ou você a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trás e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse é o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.
Estou sentado no seu lugar e já levei aos lábios o copo onde você bebeu. Mas não sei o que dizer. O que você me leu pôs-me a cabeça às voltas. A sua linguagem é ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, não passo de um petiz… porque, quando o útero que há em si fala,
Textos sobre Útero
2 resultadosPorque é que os Homens não Compreendem as Mulheres
Tu estás convencida há vários anos de que eu não te compreendo. Esta é sempre a teoria das mulheres, que não são compreendidas, que não são queridas, que não são adoradas, as queixas montanhas grandes, queixas enormes, sempre a justificar uma infelicidade que lhes vem lá do fundo da criação do mundo, do útero, da terra, as mulheres reflectem o útero feminino da terra, um útero cheio de aflições, em conclusão, queixam-se de tudo então entre os quarenta e os cinquenta, esse útero funciona nas alturas, é um útero cósmico que já não é parte de uma mulher, pertence à mulher do mundo. Há muita verdade no que dizes, o homem desinteressa-se facilmente, depois do acto do amor, depois logo sacode as penas, arrebita, passa à frente, domina outro mundo, a mulher fica fechada, acanhada nesse encontro muito íntimo, nesse seu mais fundo dos fundos, na identidade uterina com a ideia da criação, da reprodução da génese, salta, salta, forma-se na mulher a visão do caos a que só ela pelo amor pode dar uma nova regra, pelo domínio da paixão, pela companhia, para isso tem de ser compreendida, ela julga que é compreendida, tem de justificar a sua infelicidade pela compreensão do amor,