Filosofia Simplificada
É uma objecção pobre contra um filĂłsofo dizer que Ă© ininteligĂvel. Ininteligibilidade Ă© um conceito relativo, e aquilo que o Caio ou Ticiano frequentemente louvado nĂŁo entende nem por isso Ă© ininteligĂvel. E mesmo a filosofia tem, de facto, algo que segundo a sua natureza sempre permanecerá ininteligĂvel Ă grande multidĂŁo. Mas Ă© algo inteiramente outro se a ininteligibilidade está na coisa mesma. – Ocorre frequentemente que cabeças que, com grande exercĂcio e habilidade, mas sem possuirem propriamente inventividade para tarefas mecânicas, se dispõem, por exemplo, a inventar uma máquina de tornear garrafas – fabricam perfeitamente uma, mas o mecanismo Ă© tĂŁo difĂcil e artificioso ou as engrenagens rangem tanto, que se prefere voltar a tornear garrafas com as mĂŁos, Ă moda antiga. O mesmo pode perfeitamente passar-se na filosofia. O sofrimento com a ignorância sobre os objectos primeiros, sobre os maiores, para todos os homens que sentem, que nĂŁo sĂŁo embotados ou estreitamente auto-suficientes, Ă© grande e pode aumentar atĂ© se tornar insuportável. Mas se o martĂrio de um sistema antinatural Ă© maior do que aquele fardo da ignorância, prefere-se no entanto continuar a suportar este. Pode-se bem admitir que tambĂ©m a tarefa da filosofia, se Ă© em geral resolĂşvel,
Textos sobre Valor de Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling
2 resultadosO Engodo da Felicidade como Recompensa
Toda essa ideia de uma felicidade como recompensa – que outra coisa seria, portanto, senĂŁo uma ilusĂŁo moral: um tĂtulo de crĂ©dito com o qual se compra de ti, homem empĂrico, os teus prazeres sensĂveis de agora, mas que sĂł Ă© pagável quando tu mesmo nĂŁo precisas mais do pagamento. Pensa sempre nessa felicidade como um todo de prazeres que sĂŁo análogos aos prazeres sacrificados agora. Ousa, apenas, dominar-te agora; ousa o primeiro passo de criança em direcção Ă virtude: o segundo já se tornará mais fácil para ti. Se continuares a progredir, notarás com espanto que aquela felicidade que esperavas como recompensa do teu sacrifĂcio, mesmo para ti nĂŁo tem mais nenhum valor. Foi intencionalmente que se colocou a felicidade num ponto do tempo em que tens de ser suficientemente homem para te envergonhares dela. Envergonhar, digo eu, pois, se nunca chegas a sentir-te mais sublime do que aquele ideal sensĂvel de felicidade, seria melhor que a razĂŁo jamais te tivesse falado.
É exigência da razão não precisar mais de nenhuma felicidade como recompensa, tão certo quanto é exigência tornar-se mais conforme à razão, mais autónomo, mais livre. Pois, se a felicidade ainda pode recompensar-nos – a não ser que se interprete o conceito de felicidade contrariamente a todo o uso da linguagem -,