NĂŁo se Reconquista o Amor com Argumentos
NĂŁo te esqueças de que a tua frase Ă© um acto. Se desejas levar-me a agir, nĂŁo pegues em argumentos. Julgas que me deixarei determinar por argumentos? NĂŁo me seria difĂcil opor, aos teus, melhores argumentos.
Já viste a mulher repudiada reconquistar-te através de um processo em que ela prova que tem razão? O processo irrita. Ela nem sequer será capaz de te recuperar mostrando-te tal como tu a amavas, porque essa já tu a não amas. Olha aquela infeliz que, nas vésperas do divórcio, teve a ideia de cantar a mesma canção triste que cantava quando noiva. Essa canção triste ainda tornou o homem mais furioso.
Talvez ela o recuperasse se o conseguisse despertar tal como ele era quando a amava. Mas para isso precisaria de um génio criador, porque teria de carregar o homem de qualquer coisa, da mesma maneira que eu o carrego de uma inclinação para o mar que fará dele construtor de navios. Só assim cresceria essa árvore que depois se iria diversificando. E ele havia de pedir de novo a canção triste.
Para fundar o amor por mim, faço nascer em ti alguém que é para mim. Não te confessarei o meu sofrimento,
Textos sobre VĂ©spera
2 resultadosO Homem Pensador e a Mulher Faladora
O homem pensador Ă© necessariamente taciturno. A mulher faladora nĂŁo consegue atordoar-lhe o espĂrito, mas faz-lhe nos ouvidos a traquinada intolerável de uma matraca. A matraca afuguenta do coração todas as quimeras do amor. NĂŁo vos caseis com homem pensador, mulheres que falais um momento antes de pensar o que direis. O amor —se vo-lo pode inspirar tal homem—fará que nĂŁo fecheis olhos velando-lhe a doença; fará que lhe sacrifiqueis os haveres, a reputação e a vida; fará tudo que humanamente pode fazer um anjo de sacrifĂcio, mas nĂŁo vos fará calar. O feudo mais pesado que uma tal mulher pĂ´de impĂ´r a um homem Ă© — a obrigação de ouvi-la.
A ofensa que tal mulher nunca perdoa Ă© — a insolĂŞncia de ouvi-la, sem escutá-la. Vejam num dicionário a diferença das duas palavras. Escutar Ă© querer ouvir. Uma bela mulher, capaz de extremos, tentou a franqueza do amante que, em vĂ©speras de matrimonio, lhe disse: «nĂŁo faltes tanto.» A noiva pesou estas palavras, reflectiu, calculou as suas forças, chorou, atormentou-se, e disse: «nĂŁo me casarei: Ă© impossĂvel calar-me.» Para que me nĂŁo tomem isto como anedota, Ă© preciso dizer-lhes que esta mulher foi acerbamente ferida no seu orgulho.