Textos sobre Vez de José Luís Nunes Martins

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Textos de vez de José Luís Nunes Martins. Leia este e outros textos de José Luís Nunes Martins em Poetris.

Sexo, Poder e Dinheiro

A nossa sociedade gravita em torno de 3 eixos. Muito poucos são os que não se deixam cair em nenhuma das reais tentações do aparente.
O culto destas dimensões imediatas da identidade remete para planos secundários todas as categorias interiores que a estruturam e consubstanciam, dispensando ponderação e reflexão, abrem alas a uma preguiça estranha que se contenta com o superficial. Quase uma animalidade consentida, mas sem sentido.
O sexo, fazendo parte da vida, não é contudo o mais importante. O hábito consome-se com tremenda rapidez, e o corpo é apenas uma ínfima parte do que somos, o albergue temporário de uma interioridade composta por, tantas vezes, tenebrosas podridões, vulgaridades comuns e, por vezes também, belezas indescritíveis. Felizmente, o ser humano é capaz de ver para bem mais longe do que a vista alcança, e ver o outro através do seu corpo.

O poder atrai e corrompe, muito antes de ser atingido. Promete o que há de melhor pela amplificação da liberdade, mas como não dá nunca o discernimento essencial às escolhas que determinam os passos que nos aproximam da felicidade, ilude enquanto afoga quem se julga por ele abraçado.

O dinheiro é o que parece mover com mais eficácia o mundo,

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O Medo do Fim

Alguns pensam que a felicidade Ă© a ausĂŞncia de sofrimento… mas, na verdade, está errada essa ideia. A felicidade e o sofrimento sĂŁo ambos pilares fundamentais da existĂŞncia. Sem sofrimento a nossa humanidade nĂŁo seria provada e os nossos dias nĂŁo teriam valor. Assim tambĂ©m a felicidade, sendo a alegria mais profunda, Ă© o que dá sentido a todas as noites… nĂŁo sĂŁo realidades que se possam medir, mas nĂŁo deixam de ser algo tĂŁo concreto como as nossas duas mĂŁos, que sempre trabalham em conjunto, sabendo cada uma o seu papel e o seu valor.

Evitar a dor nĂŁo nos torna mais fortes.

Tememos as perdas. Tememos a morte. Talvez porque o nada é um abismo que assusta todos quantos têm uma vida com valor. Porque somos impelidos a defender o significado do que erguemos aqui. Não se quer aceitar que tudo quanto se construiu, durante uma vida, seja suprimido sem deixar rasto. Quantas vezes não é o momento do fim que se teme, mas antes o que se pode fazer até lá?
Caminhar rumo ao desconhecido é uma prova de coragem e de fé diante das evidências deste mundo. Os olhos não querem ver nem as pernas caminhar,

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Ser MĂŁe Ă© Aceitar. Tudo.

Ser mĂŁe Ă© receber em si um outro que lhe vem de fora e acolhĂŞ-lo em vista de um futuro que pressente mas que, de maneira nenhuma, sabe explicar. Ser mĂŁe Ă©, antes de mais, aceitar. Tudo. Tudo.

É aceitar em si um outro para o qual ela se torna o mundo: gerando-o, alimentando-o, comendo, bebendo e respirando com ele… ele dentro de si, ela em volta dele.

É deixar esse outro ir embora e voltar a recebĂŞ-lo em cada dia, quando ele volta, quando ele se revolta e, tambĂ©m, quando ele nĂŁo volta…

Ser mĂŁe Ă© acolher o que o outro lhe dá. Mas nĂŁo como quem se alimenta do que lhe vem de fora, transformando-o em vida, que acolhe em si, e devolvendo ao mundo, já morto, aquilo que sobra. Ser Ă© mĂŁe Ă© dar-se como alimento, transformando-se na vida daquele a quem se dá para depois… voltar depois ao mundo, gasta, apenas com o que lhe sobra.
Ser mĂŁe Ă© dar-se. Aceitando sempre qualquer resultado e resposta.

Uma mãe, mais do que dar um filho ao mundo, deve dar um mundo ao filho. Um melhor que este, cheio de esperança e sonhos,

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Aprender a Ceder

Aos sonhos, como aos pesadelos, chega sempre a hora de acordar. É essencial compreender a realidade, viver de olhos abertos, acolher a simplicidade da vida antes de querer resolver a complexidade do mundo.

Cada um de nĂłs tem o seu lugar no mundo, talvez a ninguĂ©m caiba o do centro. Nas nossas relações com o mundo, com os outros e connosco, Ă© mais sábio aceitar do que impor, admirar do que exibir, amar do que procurar ser amado…
Viver é aprender a ceder. A libertarmo-nos de nós mesmos. Só o nosso espírito nos pode soltar porque só ele nos aprisiona. Ser autenticamente feliz depende de uma transformação na forma de olharmos o mundo, aceitando-o sem grandes condições e agindo sem precipitações. Cedendo. Cedendo, sempre. Pois que é melhor manter um amigo do que ficar com a razão, mas sozinho. Há que abrir espaços em nós para que a serenidade que assim se alcança convide a felicidade a fazer do nosso espírito morada sua.

A humildade e a simplicidade sĂŁo formas de ser, nĂŁo de parecer.

Um erro comum Ă© querer ser tudo já. Nunca nada chega… e sĂŁo tantas vezes as saudades a revelarem-nos o verdadeiro valor dos instantes vividos mas já passados.

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