Os Exemplos sĂŁo Guias que nos Desencaminham com FrequĂȘncia
Seja qual for a diferença que exista entre os bons e os maus exemplos, convenhamos que ambos dĂŁo mau resultado. Nem sequer sei se os crimes de TibĂ©rio ou de Nero nos afastam mais dos vĂcios do que os exemplos paradigmĂĄticos dos grandes homens que supostamente nos encaminham para a virtude. Veja-se como a valentia de Alexandre produziu gabarolas! Veja-se atĂ© que ponto a glĂłria de CĂ©sar permitiu actos antipĂĄticos! Repare-se como Roma e Esparta louvaram virtudes selvagens! DiĂłgenes criou tantos filĂłsofos importunos, CĂcero citou tagarelas, PompĂłnio Ătico citou pessoas medĂocres e preguiçosas, MĂĄrio e Sila, pessoas vingativas, Lucullus, pessoas voluptuosas, AlcibĂades e AntĂłnio citaram debochados e CapĂŁo citou pessoas teimosas! Todos estes famosos protĂłtipos produziram um nĂșmero enorme de mĂĄs reproduçÔes. As virtudes sĂŁo vizinhas dos vĂcios. Os exemplos sĂŁo guias que nos desencaminham com frequĂȘncia e, como estamos tĂŁo cheios de mentiras, nĂŁo deixamos de usĂĄ-las tanto para nos afastarmos do caminho da virtude como para segui-lo.
Textos sobre VĂcio de François de La Rochefoucauld
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Aspectos da Virtude
O que tomamos por virtudes muitas vezes nĂŁo passa de um conjunto de acçÔes diversas e de diversos interesses que o acaso e a nossa indĂșstria sabem ajustar; e nem sempre Ă© por valentia e por castidade que os homens sĂŁo valentes e as mulheres castas.
A virtude nĂŁo iria longe se a vaidade nĂŁo lhe fizesse companhia.
(âŠ) Os vĂcios entram na composição das virtudes como os venenos na dos remĂ©dios. A prudĂȘncia mistura-os, tempera-os, e serve-se deles eficazmente contra os males da vida.