A Tempestade do Destino

Por vezes o destino Ă© como uma pequena tempestade de areia que nĂŁo pĂĄra de mudar de direcção. Tu mudas de rumo, mas a tempestade de areia vai atrĂĄs de ti. Voltas a mudar de direcção, mas a tempestade persegue-te, seguindo no teu encalço. Isto acontece uma vez e outra e outra, como uma espĂ©cie de dança maldita com a morte ao amanhecer. PorquĂȘ? Porque esta tempestade nĂŁo Ă© uma coisa que tenha surgido do nada, sem nada que ver contigo. Esta tempestade Ă©s tu. Algo que estĂĄ dentro de ti. Por isso, sĂł te resta deixares-te levar, mergulhar na tempestade, fechando os olhos e tapando os ouvidos para nĂŁo deixar entrar a areia e, passo a passo, atravessĂĄ-la de uma ponta a outra. Aqui nĂŁo hĂĄ lugar para o sol nem para a lua; a orientação e a noção de tempo sĂŁo coisas que nĂŁo fazem sentido. Existe apenas areia branca e fina, como ossos pulverizados, a rodopiar em direcção ao cĂ©u. É uma tempestade de areia assim que deves imaginar.
(…) E nĂŁo hĂĄ maneira de escapar Ă  violĂȘncia da tempestade, a essa tempestade metafĂ­sica, simbĂłlica. NĂŁo te iludas: por mais metafĂ­sica e simbĂłlica que seja, rasgar-te-ĂĄ a carne como mil navalhas de barba.

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