Deus Ă© âĂșteroâ e o homem Ă© filho nascido de Deus.
Passagens sobre Ătero
6 resultadosOs Amantes
Os amantes
fecham-se
um no outro
(como os punhos
do bebé
que dorme
no berço
e no Ăștero
da mĂŁe
como as caras
dos Ăcones
no escuro
das igrejas)
EnvolvĂȘ-la nos Meus Braços
TrĂȘs minutos depois de vocĂȘ ter partido. NĂŁo, nĂŁo consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que jĂĄ sabe: amo-a. Ă isto que destruĂ vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se vocĂȘ tivesse permanecido na SuĂça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviĂĄ-las para Louveciennes?
Anais, nĂŁo posso dizer muito agora â encontro-me demasiado alterado. Quase nĂŁo consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvĂȘ-la nos meus braços. Tinha esperanças de que vocĂȘ nĂŁo tivesse de ir jantar a casa⊠De que pudĂ©ssemos ir a algum lado jantar e dançar. VocĂȘ dança⊠JĂĄ sonhei com isso vezes sem conta⊠Eu a dançar consigo, ou vocĂȘ a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trĂĄs e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse Ă© o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.
Estou sentado no seu lugar e jĂĄ levei aos lĂĄbios o copo onde vocĂȘ bebeu. Mas nĂŁo sei o que dizer. O que vocĂȘ me leu pĂŽs-me a cabeça Ă s voltas. A sua linguagem Ă© ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, nĂŁo passo de um petiz⊠porque, quando o Ăștero que hĂĄ em si fala,
Do Tempo ao Coração
E volto a murmurar Do cĂąntico de amor
gerado na Suméria às novas europutas
Do muito que me dĂĄs ao muito que nĂŁo dou
mas que sempre conservo entre as coisas mais purasDe uma genebra a mais num bar de AmsterdĂŁo
a não perder o pé numa praia da Grécia
De tantas tantas mĂŁos que nos passam pelas mĂŁos
a tĂŁo poucas que sĂŁo as que nunca se esquecemDe ter visto o começo e o fim da Via Ăpia
De ter atravessado o muro de Berlim
De outros muros que nĂŁo aparecem no mapa
De outros muros que só aparecem aquiao barro deste céu que te modela os ombros
ao sopro deste céu que te solta o cabelo
ao riso deste céu que vem ao nosso encontro
quando sabe que nós não precisamos deleDa pertinaz presença E da longevidade
do corvo do chacal do louco do eunuco
ao rouxinol que morre em plena madrugada
Ă rosa que adormece em caules de um minutoDo que foi noutro tempo a saĂșde no campo
Ă lepra que nos rĂłi a paisagem bucĂłlica
Do tempo ao coração minado pelo cancro
Dos rins ao infinito incubado na cóleraDo tempo ao coração mas com pausa na pele
como «Roma by night» entre dois aviÔes
como passar o VerĂŁo numa vogal aberta
como dizer que nĂŁo que jĂĄ nĂŁo somos doisDos rins ao infinito A este que nĂŁo outro
Ao que rola dos rins Ao que vai rebentar-te
na cĂąmara blindada e nocturna do Ăștero
E nos transfere o fim para um pouco mais tardeDa curva de entretanto à entrada do poço
De soletrar em mim a ler nas tuas mĂŁos
como Ă© rĂĄpido e lento e recto e sinuoso
o percurso que vai do tempo ao coração.
Um quadro, as personagens de um filme ou de um livro, por mais fora do comum que sejam, foram gerados com base na leitura de elementos contidos na memĂłria do seu autor. E a memĂłria Ă© um produto da nossa carga genĂ©tica, do Ăștero materno, do ambiente social, do meio educativo e das relaçÔes do nosso Eu com a prĂłpria mente.
Porque Ă© que os Homens nĂŁo Compreendem as Mulheres
Tu estĂĄs convencida hĂĄ vĂĄrios anos de que eu nĂŁo te compreendo. Esta Ă© sempre a teoria das mulheres, que nĂŁo sĂŁo compreendidas, que nĂŁo sĂŁo queridas, que nĂŁo sĂŁo adoradas, as queixas montanhas grandes, queixas enormes, sempre a justificar uma infelicidade que lhes vem lĂĄ do fundo da criação do mundo, do Ăștero, da terra, as mulheres reflectem o Ăștero feminino da terra, um Ăștero cheio de afliçÔes, em conclusĂŁo, queixam-se de tudo entĂŁo entre os quarenta e os cinquenta, esse Ăștero funciona nas alturas, Ă© um Ăștero cĂłsmico que jĂĄ nĂŁo Ă© parte de uma mulher, pertence Ă mulher do mundo. HĂĄ muita verdade no que dizes, o homem desinteressa-se facilmente, depois do acto do amor, depois logo sacode as penas, arrebita, passa Ă frente, domina outro mundo, a mulher fica fechada, acanhada nesse encontro muito Ăntimo, nesse seu mais fundo dos fundos, na identidade uterina com a ideia da criação, da reprodução da gĂ©nese, salta, salta, forma-se na mulher a visĂŁo do caos a que sĂł ela pelo amor pode dar uma nova regra, pelo domĂnio da paixĂŁo, pela companhia, para isso tem de ser compreendida, ela julga que Ă© compreendida, tem de justificar a sua infelicidade pela compreensĂŁo do amor,