Passagens sobre VĂ­cio

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Entendimento Influenciado pela Vontade

Na ciência de julgar, alguma vez é desculpável o erro do entendimento, o da vontade nunca; como se o entender mal não fosse crime, erro sim; ou como se houvesse uma grande diferença entre o erro, e o crime: o entendimento pode errar, porém só a vontade pode delinquir. Assim se desculpam comummente os julgadores, mas é porque não vêem, que o que dizem que procedeu do entendimento, se bem se ponderar, procedeu unicamente da vontade. É um parto suposto, cuja origem, não é aquela que se dá. Querem os sábios enobrecer o erro, com o fazer vir do entendimento, e com lhe encobrir o vício que trouxe da vontade; mas quem é que deixa de ver, que o nosso entendimento quási sempre se sujeita ao que nós queremos; e que o seu maior empenho, é servir à nossa inclinação; por isso raras vezes se opõe, e o mais em que se ocupa, é em conformar-se de tal sorte ao nosso gosto, que ainda a nós mesmos fique parecendo, que foi resolução do entendimento aquilo que não foi senão acto da vontade.
O entendimento Ă© a parte que temos em nĂłs mais lisonjeira; daqui vem que nem sempre segue a razĂŁo,

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A mentira Ă© um vĂ­cio ignĂłbil, que toda a gente abomina, e que nĂŁo deve perdoar-se ao mais Ă­nfimo escravo.

A virtude absoluta mata o ser humano com tanta segurança como o vício absoluto, pela letargia e pomposidade que provocam.

Aprender a Ver

Aprender a ver – habituar os olhos Ă  calma, Ă  paciĂŞncia, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nĂłs; aprender a adiar o juĂ­zo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este Ă© o primeiro ensino preliminar para o espĂ­rito: nĂŁo reagir imediatamente a um estĂ­mulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam. Aprender a ver, tal como eu o entendo, Ă© já quase o que o modo afilosĂłfico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto Ă©, precisamente, o poder nĂŁo «querer», o poder diferir a decisĂŁo. Toda a nĂŁo-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistĂŞncia a um estĂ­mulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que Ă© já doença, decadĂŞncia, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosĂłfica designa com o nome de «vĂ­cio» Ă© apenas essa incapacidade fisiolĂłgica de nĂŁo reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso. Ao estranho, ao novo de qualquer espĂ©cie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mĂŁo. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o facto pequeno,

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GratidĂŁo

A minha gratidão te dá meus versos:
Meus versos, da lisonja nĂŁo tocados,
Satélites de Amor, Amor seguindo
Co’as asas que lhes pĂ´s benigna Fama,
Qual nĂ­veo bando de inocentes pombas,
Os lares vĂŁo saudar, propĂ­cios lares,
Que em doce recepção me contiveram
Incertos passos da IndigĂŞncia errante;
Dos olhos vĂŁo ser lidos, que apiedara
A catástrofe acerba de meus dias,
Dos infortĂşnios meus o quadro triste;
VĂŁo pousar-te nas mĂŁos, nas mĂŁos que foram
TĂŁo dadivosas para o vate opresso,
Que o peso dos grilhões me aligeiraram,
Que sobre espinhos me esparziram flores,
Enquanto nĂŁo recentes, vĂŁos amigos,
Inúteis corações, volúvel turba
(A versos mais atenta que a suspiros)
No Letes mergulhou memĂłrias minhas.
Amigos da Ventura e nĂŁo de Elmano,
Aónio serviçal de vós me vinga;
Ao nome da Virtude o VĂ­cio core.

NĂŁo sei se vens de herĂłis, se vens de grandes;
NĂŁo sei, meu benfeitor, se teus maiores
Foram cobertos, decorados foram
De purpúreos dosséis, de márcios loiros;
Sei que frequentas da Amizade o templo,
Que és grande,

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Velhice: aquele período da vida no qual ajustamos os vícios que ainda temos, denegrindo aqueles que já não conseguimos satisfazer.

Existem defeitos que são uma protecção contra alguns vícios epidérmicos, do mesmo modo que, em tempo de peste, os doentes de febre quartã escapam ao contágio.

Família, tu és a morada de todos os vícios da sociedade; tu és a casa de repouso das mulheres que amam as suas asas, a prisão do pai de família e o inferno das crianças.

Não Há Vício que se não Esconda Atrás de Boas Razões

Não há vício que se não esconda atrás de boas razões; a princípio, todos são aparentemente modestos e aceitáveis, só que a pouco e pouco vão-se expandindo. Não conseguirás pôr fim a um vício se deixares que ele se instale. Toda a paixão é ligeira de início; depois vai-se intensificando, e à medida que progride vai ganhando forças. É mais difícil libertarmo-nos de uma paixão do que impedir-lhe o acesso. Ninguém ignora que todas as paixões decorrem de uma tendência, por assim dizer, natural. A natureza confiou-nos a tarefa de cuidar de nós próprios, mas, se formos demasiado complacentes, o que era tendência torna-se vício. Aos actos necessários juntou a natureza o prazer, não para que fizéssemos deste a nossa finalidade mas apenas para nos tornar mais agradáveis aquelas coisas sem as quais é impossível a existência. Se o procuramos por si mesmo, caímos na libertinagem. Resistamos, portanto, às paixões quando elas se aproximam, já que, conforme disse, é mais fácil não as deixar entrar do que pô-las fora.