Passagens sobre VilÔes

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Sete Anos A Nobreza Da Bahia

Ao casamento de Pedro Álvares de Neiva. Ana Maria era uma donzela nobre, e rica, que veio da Índia sendo solicitada pelos melhores da terra para desposários, empreendeu frei Tomás casá-la com o dito e o conseguiu.

Sete anos a nobreza da Bahia
Servia a uma pastora indiana e bela,
PorĂ©m servia a Índia, e nĂŁo a ela,
Que a Índia sĂł por prĂȘmio pretendia.

Mil dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vĂȘ-la:
Mas frei TomĂĄs, usando de cautela,
Deu-lhe o vilĂŁo, quitou-lhe a fidalguia.

Vendo o Brasil que por tĂŁo sujos modos
Se lhe usurpara a sua Dona Elvira
Quase a golpes de um maço e de uma goiva:

Logo se arrependeram de amar todos,
Mas qualquer mais amara se nĂŁo vira
Para tĂŁo limpo amor tĂŁo suja noiva.

Ódio Sagrado

Ó meu ódio, meu ódio majestoso,
Meu Ăłdio santo e puro e benfazejo,
Unge-me a fronte com teu grande beijo,
Torna-me humilde e torna-me orgulhoso.

Humilde, com os humildes generoso,
Orgulhoso com os seres sem Desejo,
Sem Bondade, sem FĂ© e sem lampejo
De sol fecundador e carinhoso.

Ó meu ódio, meu lábaro bendito,
Da minh’alma agitado no infinito,
Através de outros låbaros sagrados.

Ódio sĂŁo, Ăłdio bom! sĂȘ meu escudo
Contra os vilÔes do Amor, que infamam tudo,
Das sete torres dos mortais Pecados!

A Senhora de Brabante

Tem um leque de plumas gloriosas,
na sua mĂŁo macia e cintilante,
de anéis de pedras finas preciosas
a Senhora Duquesa de Brabante.

Numa cadeira de espaldar dourado,
Escuta os galanteios dos barÔes.
— É noite: e, sob o azul morno e calado,
concebem os jasmins e os coraçÔes.

Recorda o senhor Bispo acçÔes passadas.
Falam damas de jĂłias e cetins.
Tratam barÔes de festas e caçadas
à moda goda: — aos toques dos clarins!

Mas a Duquesa Ă© triste. — Oculta mĂĄgoa
vela seu rosto de um solene véu.
— Ao luar, sobre os tanques chora a ĂĄgua…
— Cantando, os rouxinĂłis lembram o cĂ©u…

Dizem as lendas que SatĂŁ vestido
de uma armadura feita de um brilhante,
ousou falar do seu amor florido
Ă  Senhora Duquesa de Brabante.

Dizem que o ouviram ao luar nas ĂĄguas,
mais louro do que o sol, marmĂłreo, e lindo,
tirar de uma viola estranhas mĂĄgoas,
pelas noites que os cravos vĂȘm abrindo…

Dizem mais que na seda das varetas
do seu leque ducal de mil matizes…

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O ser humano Ă© cego para os prĂłprios defeitos. Jamais um vilĂŁo do cinema mudo proclamou-se vilĂŁo. Nem o idiota se diz idiota.