Sono, essa deplorável redução do prazer da vida.
Passagens de Virginia Woolf
63 resultadosRosas, pensou, sarcasticamente. Bobagens, minha cara. Pois em verdade, quando se tem de comer, beber e deitar, tanto nos bons como nos maus dias, a vida não tem nada a ver com rosas.
No ócio, nos sonhos, emerge por vezes essa verdade que estava submersa.
Há quem procure o padre, outros refugiam-se na poesia, eu procuro os meus amigos.
… Sempre achara que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse.
A verdade é que eu sempre gosto das mulheres. Gosto da falta de convencionalismo delas. Gosto da integridade delas. Gosto do anonimato delas.
Cada um tem o seu passado fechado em si, tal como um livro que se conhece de cor, livro de que os amigos apenas levam o título.
Se nos dispersássemos um pouco, poderíamos navegar aprazível e gradualmente para latitudes de intimidade que jamais se alcançam nos salões.
É fácil dizer-se que não é um grande livro. Mas que qualidade lhe faltará? Talvez a de nada acrescentar à nossa visão de vida.
O Tempo e o Espírito
O tempo, embora faça desabrochar e definhar animais e plantas com assombrosa pontualidade, não tem sobre a alma do homem efeitos tão simples. A alma do homem, aliás, age de forma igualmente estranha sobre o corpo do tempo. Uma hora, alojada no bizarro elemento do espírito humano, pode valer cinquenta ou cem vezes mais que a sua duração medida pelo relógio; em contrapartida, uma hora pode ser fielmente representada no mostrador do espírito por um segundo.
De tudo que existe, nada é tão estranho como as relações humanas, com suas mudanças, sua extraordinária irracionalidade.
Somos desfeitos pela verdade. A vida é um sonho. É o despertar que nos mata.
É muito mais fácil matar um fantasma do que matar uma realidade.
A beleza do mundo, que muito em breve perecerá, tem duas margens, uma do riso e outra da angústia, que cortam o coração em duas metades.
Obras-primas não são fruto de um nascimento solitário. Elas são a conseqüência de vários anos de pensamento em comum, de tal modo que a experiência da massa está por trás de uma única voz.
As histórias que perseguem as pessoas até seus quartos de dormir são difíceis.
O efeito da morte sobre aqueles que continuam vivos é sempre estranho, e muitas vezes terrível, pela destruição de desejos inocentes.
Charme? Caráter? Fosse o que fosse, ela tinha isso.
A escrita não é senão ritmo.
Ter 29 anos e ser solteira – um fracasso – sem filhos – louca também, não ser escritora.