Conversão Mental
Os métodos de conversão religiosa foram até agora considerados mais sob ângulos psicológicos e metafísicos que psicológicos e mecanísticos; contudo, as técnicas empregadas aproximam−se tanto frequentemente das modernas técnicas políticas de lavagem cerebral e controle da mente que cada uma delas lança luz sobre os mecanismos da outra. É conveniente começar com a história melhor documentada de conversão religiosa, que tem em comum com a conversão política o facto de um indivíduo ou grupo de indivíduos poder adoptar novas crenças ou padrões de comportamento, em resultado de revelações surgidas na mente repentinamente e com grande intensidade, muitas vezes depois de períodos de grande tensão emocional.
Passagens de William Sargant
3 resultadosReligião Emocional
Os dirigentes das religiões bem sucedidas nunca, pode−se realmente dizer, dispensaram de todo as armas fisiológicas nas suas tentativas de conferir graça espiritual aos seus semelhantes. Jejum, castigo da carne por flagelação ou desconforto físico, regulação da respiração, revelação de mistérios terríveis, toque de tambor, danças, cantos, provocação de medo, pânico, iluminação fantástica ou gloriosa, incenso, drogas inebriantes – esses são apenas alguns dos inúmeros métodos empregados para modificar a função cerebral normal em propósitos religiosos. Algumas seitas prestam mais atenção que outras à estimulação de emoções como meio de afectar o sistema nervoso superior; mas poucas a desprezam inteiramente.
Comportamento Humano Condicionado
Muito do comportamento humano resulta de padrões de comportamento condicionado implantados no cérebro especialmente durante a infância. Estes podem persistir quase sem modificação, mas muito frequentemente vão-se adaptando gradualmente às mudanças de ambiente. Porém, quanto mais velha a pessoa tanto menos facilmente pode improvisar novas respostas condicionadas a tais mudanças; a tendência, então, é fazer o ambiente ajustar-se às suas respostas cada vez mais previsíveis. Muito da nossa vida consiste na aplicação inconsciente de padrões de reflexo condicionado adquiridos originalmente por estudo árduo. Exemplo claro é a maneira como um motorista acumula inúmeras e variadas respostas condicionadas antes de ser capaz de conduzir um carro através de uma rua cheia de gente sem prestar muita atenção consciente ao processo – o que muitas vezes se chama «conduzir automaticamente». Se passar depois para um campo aberto, o motorista mudará para um novo padrão de comportamento automático. De facto, o cérebro humano vive em constante adaptação de modo reflexo às mudanças de ambiente, embora as primeiras lições em qualquer processo – como o de conduzir um automóvel – possam exigir difíceis e até tediosos esforços de concentração.